quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pois é

Observo muito muitas coisas, como o jeito de ser das outras pessoas, em especial as mulheres. Por outro lado sou desatenta pra coisas que a maioria das mulheres nem pisca.

Confuso, eu sei. Não estou conseguindo ser muito clara.

Ontem conversava sobre mulheres. Sobre sogras, mães, afeto. Analisei tanto a mãe dos outros, as sogras em geral, o conflito - ou mito? - que se criou sob as sogras, o cuidado das mães. Falei tanto, mas tanto... Então quis falar sobre a minha mãe, falar o quão foda ela é, enfim, fechar minha fala falando de ninguém mais ninguém menos do que minha mãe, ora bolas. Aí parei.

O silêncio chegou e chegou como sempre é, imponente. O que eu poderia falar dela? Eu falo o que me contam sempre. Eu falo o que meus olhos viram mas não lembram. Momentos que até vivi, mas não lembro.

Esse vazio é uma das poucas coisas na vida que consegue me calar a boca e amansar qualquer reação.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Singela

Sentada nessa cadeira azul eu fico olhando pros objetos, pro nada, segurando uma mecha de meus cabelos e cheirando... Ainda tem um cheiro bom, mas quero lava-los logo. Lava-los assim que chegar em casa à noite, depois de passar pelos obstáculos-animais que atendem - ou eram pra atender, na teoria - pelos nomes de Tom, Guga, Preta, Pitty e Banzé. É Banzé mesmo.

Onde estou só escuto o barulho da CPU do pc, só sinto meus pés quentes - depois de ficarem enxarcados pela chuva - , só vejo minha alma permanecer em silêncio e minha mente e coração desejarem um sorriso alheio.

Não é solidão, não é tristeza; bem longe. Estou quieta neste canto, estou muito bem aqui. Ás vezes gosto de ficar em silêncio comigo mesma. Final de ano... Bem que podia ter alguém aqui, pra me dizer qualquer coisa. Ou é melhor isto, apenas o barulho do CPU. Ou nem esse barulho.

O que quero? Não sei mais tanto. Carteirinhas (RG, CPF, inscrições), livros, curso, cursinho, grades, alternativas... Qual é a MINHA alternativa? Cansada demais pra pensar nisso.

É sexta-feira, pelo horário eu já poderia ter saído daqui há muito tempo... Há horas. Só que eu estou aqui. Aqui mesmo ou em pensamento aonde eu gostaria de estar? Estou aqui mesmo, apenas escrevendo o que vem à ponta dos dedos... Porque não sei onde gostaria de estar.

Tudo o que sei é que em tal hora sairei daqui, pra ir pra um lugar, do qual sairei tal hora e o ônibus rotineiro chegará a fim de eu desembarcar à algumas quadras dos meus cachorros e gatos.

Agora o silêncio daqui me incomoda. Já cansei de ficar sozinha. Meu corpo diz pra eu desligar de tudo e dormir. Não dá, tenho que ir. Um beijo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

De saco cheio

Baixo novas músicas que me destraiam melhor no caminho igual de todo dia.

Reparo na disposição das ruas, talvez alguma tenha mudado, em meio à este centro movimentado.

Deslizo a bolinha do mouse pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo, como se fosse encontrar algo novo que me tirasse do tédio.

Pego linhas diferentes de ônibus que levam até meu destino, ás vezes conto o tempo pra ver a mais rápida, ás vezes troco de avenida pra variar o caminho.

Óh não, nem tudo são espinhos. Pra dar um gás está nascendo um novo ciso.

Nunca fui dotada de paciência. Percebo que a pouca existente se vai neste momento... Não vejo mais o que fazer pra fugir do estresse que minhas próprias escolhas - conscientes - me trouxeram.

Por isso muitas vezes pareço dormir de olhos abertos. Pra fingir que nem me importo de ter dias iguais, aborrecimentos iguais, sonolências iguais.

Independente de onde tudo me levar, torço pelo fim desse ciclo. Apesar de ser fascinada por fazer várias coisas ao mesmo tempo, hoje sinto na pele a consciência de que não se pode abraçar o mundo.

sábado, 7 de novembro de 2009

O poder nas palavras

Acredito que palavras ditas ou escritas são como armas. Usamos quando necessário ou quando não pensamos antes de dispara-las; também podemos prepara-las com afinco e até planejar a hora de seu encontro com o ar.

O prazer de receber cartas de quem se gosta é algo imensurável, traz o afeto guardado no coração para as linhas do sorriso, aproxima almas e lembranças num triz.

A dor de ouvir ou ler a raiva em forma de palavras de alguém que se gosta é imensurável, traz a decepção recém nascida para a beira dos olhos, expõe as lágrimas e a tristeza se instala num triz.

Acho que, por todas as transformações e mudanças que podemos causar com palavras, é de extrema importancia dar valor e cultivar o ato de pensar antes de falar e escrever. Falo porque acho o correto, visto que me encontro na linha tênue entre saber o certo e mesmo assim fazer o errado.

Respeitar a imagem de alguém parece ser fácil, mas definitivamente não é. Em qualquer espaço é possível arruinar sentimentos, vide Orkut. Qualquer palavra seja no perfil, seja nas perguntas do perfil, seja num depoimento, podem atingir profundamente as pessoas. Por essas e outras muitas vezes acho que o silêncio (a abstenção, no caso do Orkut) é uma boa opção.

Escrevo sobre isso porque me peguei pensando hoje de manhã sobre todas as coisas ruins que já li e escrevi de pessoas. Coisas ruins se referem a palavras que possam me incomodar, ou palavras que saíram de mim em direção ao teclado num jato sem nenhum tipo de reflexão, por meus olhos justamente estarem fechados para o respeito.

De tantos tombos por falar atravessadamente no passado hoje eu percebo como melhorei, como tomo cuidado com cada letra - ainda longe da perfeição que se entende por não agir por impulsos, mas estou no caminho certo. Não esqueci minhas cordas vocais nem desaprendi a escrever, só quero aprender a usa-los da melhor maneira possível, sem tocar a imagem de ninguém. Grito um monte, mas sei o que estou gritando.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um belo cuspe na cara!

Não é preciso se esforçar muito pra entender como as coisas caminham a passos lentos e curtos no sistema. Qualquer sistema. Principalmente no que diz respeito as apurações, reivindicações, satisfações, algo que inspire conceitos de JUSTIÇA.
A caminhada nessa história toda que envolveu Yeda foi árdua. O foco não era só esta mulher, era quem a cerca, era a corrupção, eram todas as falcatruas que aconteciam - e acontecem diariamente, hora após hora, neste instante, no meio do nosso agora - enquanto os eleitos nada faziam, por n motivos.

Talvez eu tenha entrado no meio do bonde, mas lembro bem de junho de 2008 quando acompanhei os estudantes que pediam os 44 milhões do Detran de volta. A partir daí a imagem do governo foi lama a baixo, nossas manifestações ganharam força não só com a mudança da enturmação no começo daquele ano mas sim também com a greve dos professores em novembro, greve que achei extremamente necessária. Era um momento crucial, era ali ou não era mais. Pontos foram cortados, arroxo salarial contínuo e professores totalmente desvalorizados. Porra, eu só me indignava mais e mais, cada vez mais. Peguei pra mim a raiva de quem estudava em escola de lata, de quem não tinha a menor expectativa tanto dando aula quanto tentando aprender.
O ano virou, concluí minha etapa no ensino médio e dei de cara com o aumento nas passagens de ônibus em Porto Alegre. My gary, milhares de pessoas usam diariamente o transporte público, seja para estudar, seja para trabalhar, seja para procurar um bendito emprego - esse era o meu caso. O aumento é de centavos anuais, só que eles refletem muito mais no nosso bolso do que na eficiência do transporte, no bom estado dos ônibus, na rapidez de um transporte que deveria ser uma alternativa urbana não só de desafogar o trânsito, mas também ambiental tendo em vista a poluição. Gastando esse abuso em passagens eu saia em direção à nossa Esquina Democrática protestar. Uma palha movida por nosso prefeito poderia barrar os acordos com as empresas e junto com elas o aumento nas tarifas. Isso não aconteceu.

Sim, falei agora de algo que não diz respeito à Yeda, e sim ao Fogaça. Mas também falei lá atrás que meu foco eram todas as coisas que eu achava falcatrua. Este mesmo bom moço Fogaça que há alguns meses chamou a população para votar num "plebicito popular" sobre determinado espaço a orla, que na realidade de popular NÃO TEVE NADA, visto que vários postos de votação no dia da consulta popular simplesmente não abriram. É, não abriram. Fui votar em meu posto e os funcionários disseram que não foram orientados sobre nenhuma votação. Fui em outra escola que era ponto oficial da consulta, e ela também estava fechada. Denunciei, ÓBVIO. Felizmente o resultado foi favorável e sensato, com o pesar de não ter contado com todos os votos pretendidos.

Antes de toda essa salada muita coisa aconteceu fora do cerco da prefeitura, agora voltando ao Piratini. Não vou ficar contando as denúncias contra nossa querida governadora, fatos esses que cansaram de vir a público, inclusive nacionalmente na revista Veja. Não lembro quantas vezes fui até os colégios mobilizar, chamar para os atos, reunir a direção da escola. Não lembro quantos atos e falas foram, lembro sim de me manifestar dentro da Assembléia. Foi massa. Só que essas lembranças nada adiantam diante desta certeza: houveram, diante da enorme população do estado, poucas pessoas junto comigo. E isso foi o que não saiu da minha cabeça quando li nas manchetes dizendo que o pedido de impeachment havia sido arquivado.

Portanto, não foram só a lentidão e as amarras do sistema que garantiram a votação parcial do plebicito por baixo dos panos, que garantiram o aumento das passagens (que é anual), que garantiram a sobrevivência de Yeda no poder. Pra mim, se houvesse uma verdadeira mobilização popular, não haveria brecha ou aliança q sustentasse os corruptos no poder.

Acho que não preciso dizer que a luta não acaba aqui, preciso? O que preciso mostrar é que o ser humano não tem limites. São algumas integrantes do governo se emocionando, no pronunciamento de Yeda hoje pela manhã, após o arquivamento do processo de impeachment:

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

mode ON

Ôh meu blogzinho... Coitado de ti.

Digo que vou vir aqui fazer e acontecer mas no final das contas é sempre em ti que eu vomito. Seria bom se fosse só em ti que eu vomitasse. Mas ainda não cheguei lá; ainda não consigo ficar em silêncio dentro desse liquidificador que é minha cabeça. Fico quieta por alguns minutos, dali a pouco espirra algo pro lado, uma palavrinha aqui, um corte ali, uma grosseria acolá. Segundos depois me dou conta, só que já foi dito, já foi feito. Chorar não é proveito.

No auge da pilha quase tremo. É, tremo. Aquele ato de estender a mão pra ver se você está tremendo ou não: eu faço e não a vejo firme. Estora uma herpes. Na pior das fases, gastrite emocional. E então um momento de lucidez, decido recuperar o controle, aulas estão por vir e se é pra entrar numa sala e ficar com o liquidificador ligado, é melhor não entrar. Eu entro.

Será apenas uma fase de preocupação, uma fase ruim? Será TPM? À essas alturas eu amaria ter uma bela TPM, surtar de cólicas e sangrar beirando a uma hemorragia. Hehehe acredite, eu ficaria muito feliz com isso.

Depois de vomitar o alívio é tão certo quanto o gostinho de menta na boca após a escovação. Ufa.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Fome

O pior é que é mesmo, tenho deixado esse espaço de lado... Há tanta coisa, tantos horários, achei que eu já tivesse me adaptado. Certo que não me acustumei - ou acostumei?

Ficar por aqui sempre me fez muito bem, adoro esse blog. E ele continua me fazendo bem, apenas sinto por não escrever mais tanto aqui. Tenho tanta coisa pra falar, pra expandir. Por quê não digo aqui? Vou tentar.

Vou tentar fazer mais. É, fazer muito mais. Mas sem muita liga com o que eu já faço, quero conhecer coisas novas que já me atraiam há um bom tempo. Quero ler sobre o socialismo, sobre as várias lutas da sociedade até aqui pra que eu hoje pudesse votar e ter voz em qualquer meio de comunicação. Falando nela, quero mergulhar na comunicação; explorar suas fissuras, sugar as mânhas de cada veículo e alimentar minha paixão por ela. Quero provar o gosto de ser professora, apesar de saber que não tenho esse dom, sou muito curiosa pra sentir isso.

Muita fome de tudo. Muita.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

4ª série

_ "...Depois vocês respondem no quadro."

Feito! Acertarei todas, o giz já é meu, minha letra é foda. - pensava eu, após a professora dar a ordem.

Minhas notas sempre foram altíssimas, até eu chegar na 7ª série. Aí elas encontraram uma espécie de abismo, e caíram uma a uma lentamente. Mas isso não vem ao caso, completei o ensino médio e aqui a época é outra. 4ª série.

Longíncuos anos que se vão armazenados na memória. Sinceramente, lembro de poucas coisas desse ano escolar, poucas mesmo. Porém esse dia do quadro minha memória achou difícil de jogar fora. Não lembro a matéria, tão pouco o que eu escrevia no bendito quadro, sei que era algo extenso, não era um exercício. Era a própria aula da professora, tenho quase certeza que era um texto grande. Bem CDF que era, fui até o final com sorrisos na alma, pontuando bem cada ascento, cada nova linha. Que beleza.

Tá, né. Cheguei no final, terminava então minha obra prima. Não queria apenas bater o giz no quadro e assim marcar o ponto final. Que sem graça! Queria deixar eternizado junto às palavras o meu nome, mesmo que qualquer sopro tirasse o giz do quadro. Eu queria e fiz! Assinei:

"Escrevido por Nathália."

Sim, eu fiz isso. Eu, gorda, com 10 anos, uma folha e um giz nas mãos, fiz isso.

Voltei pro meu lugar, esperava a professora reparar na minha obra de arte, um enorme texto escrevido por mim no quadro, que maravilha! Só que minha colega foi mais rápida.

_ "Escrevido?!"

Putaquepariu. Ainda bem que ela não fez escândalos. Ouvi ela perguntar aquilo em voz média, olhei pro quadro e foquei meu grotesco erro. Tá, 4ª série, mas não interessa! Eu escrevia tudo certo, caguei justo na assinatura, algo tão idiota que era pra ser minha saída triunfal do quadro! Deixar assim é que não ia.

Mais rápida do que aqueles olhares que as professoras dão pro lado e que nós aproveitamos pra colar, fui correndo até o quadro, arrumei para "escrito" e me sentei de novo. Quase certeza de que ninguém além dela viu.



Minha mente só trabalhava pra que eu fosse notada pelos grandes feitos, pela excelência, ambições que eu realmente não sei daonde vinham. Era uma criança, uma criança que queria parecer grande por seu modo de agir. É, talvez eu só quisesse ser grande.

Logo observo que há alguns anos as coisas que mais me tocaram foram as coisas pequenas. Os elogios que se escondem em qualquer comentário, um papel em que foi escrito por qualquer amiga o quanto ela é feliz em me ter por perto, um sorriso ou olhar carinhoso jogado pra mim, palavras que vêm dificilmente e por serem tão raras têm um sabor tão especial. Vejo que há tempos já não desejo todo o grande reconhecimento, toda a glória que almejava obter. Penso que é muito melhor ser assim.

É, talvez eu seja grande, porém acho o mundo muito mais aconchegante para os pequenos. Continuar num corpo pequeno com minha nobreza de gente grande pode ser um bom negócio, muito mais do que eu sonhava quando estava na 4ª série.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Loading...

Meu blog abandonado! Tenho algumas historinhas pela metade nos rascunhos daqui, apenas esperando um nexo com a realidade pra eu conta-las do meu jeito.

Ops, essa coisa de frasezinhas é pro Twitter apenas. O meu é http://twitter.com/nathibs .

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Gabarito

Faz tanto frio em Porto Alegre, e eu estou sem paradeiro... Isso é um desabafo, sem pretenção alguma.

Sem paradeiro. Como qualquer ser humano minha vida é ditada pelos horários, que me permitem ou não fazer qualquer coisa. Pelo menos de segunda à sexta. Trabalhar e ir estudar não seria incômodo algum, se durante esse vai e vem eu não tivesse que prestar contas à sociedade. É, contas. Chego no escritório e sempre haverá alguém pra puxar uma conversa, em outras palavras encher meu saco. Ligações inoportunas também me enchem demais o saco, e nisso eu corto sem pena. Em casa minha família ficou sem mim o dia todo, querem que eu converse pelo menos.

Argh.

Quem me conhece sabe, eu AMO conviver, falar, falar muitas besteiras, dar atenção... Mas não quando estou concentrada! Isso me torra. Também me estressa a saudade, mas com essa eu tô me acostumando.

Atravesso uma semana de Simulado em meu cursinho, e eu sei que não estou indo bem como poderia. Dou sorte agora de não ter nada com urgência pra fazer e poder estudar, porém bah... Ao chegar na metade da prova (que realizo sempre à noite) o desgaste é tão grande, não por ter que ler as questões e pensar, e sim pela bolha no pé, pelo olho que não pára fechado desde as 7h e meia da manhã... Podem me xingar o quanto quiserem sobre "as pessoas que acordam muito mais cedo; as pessoas que se esforçam muito mais; as pessoas que blábláblá". Porra, eu não tenho mesmo como saber a sensação de estar no lugar dessas pessoas, porque NÃO ESTOU. Eu tô falando do meu umbigo.

Agora minha amiga Dábila me diz, "escolhas né nathi :) tu sabia que não seria fácil :) ". Com certeza eu sabia. E como disse, meu problema não é com a rotina puxada, e sim com essas coisinhas de ter que falar com as pessoas, da trela, quando toda a minha energia está voltada pra cumprir o que eu me submeti.

Egoísmo? Tô sem condições pra pensar se sou ou não sou, devo ou não devo. O que eu acho é isso aí mesmo, dos meus trocos eu que sei.

Livros de biologia, geografia e química me esperam, tchau! Ái como é bom escrever *.*

quarta-feira, 15 de julho de 2009

No nosso balanço a podridão cai

“O teu futuro é duvidoso Eu vejo grana, eu vejo dor No paraíso perigoso que a palma da tua mão mostrou”. Os estudantes, ao longo da história, sempre mostraram a cara e souberam o que queriam nas horas decisivas. Atualmente, nada menos do que inúmeros descasos com a educação e nomes envolvidos em escândalos de corrupção despertam a rebeldia dos jovens do Rio Grande do Sul.

“Não ligue pra essas caras tristes fingindo que a gente não existe Sentadas são tão engraçadas, donas das suas salas”. Para os conformados, o comum não é lutar pelo o que é nosso, exigir o correto uso do poder. O comum é nos interpretar como massas de manobra, ignorar nossas vozes e continuar a pagar o preço dessa alienação calado. Quem cala consente, e fechar os olhos frente à desastrosa situação da educação é desejar que assim as coisas permaneçam.

“Quem vem com tudo não cansa... Quem tem um sonho não dança... Por favor, me avise quando for embora”. A mobilização, em seu sentido mais literal, tem o objetivo de não parar, e por consequência só crescer. Ela se faz necessária a cada barreira encontrada, a cada veto, a cada “não” taxativo recebido. Essa inquietação, nos dias de hoje, não poderia vir de outro lugar senão do movimento estudantil. Se somando a cada opinião formada, jovem conscientizado, apito soado e cara na rua, não há como não vencer os obstáculos. Massa de manobra? Não: massa da força, que no nosso embalo vai derrubar a podridão do palácio.

Frases retiradas da letra de “Bete balanço”, Cazuza.

Texto publicado em 10/7/2009, no blog http://www.caraspintadasrs.blogspot.com/.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Tiago Ceccon

Obrigada, acaso. Através de ti encontrei - há uns dias, é verdade, porém só agora noticio - Tiago Ceccon nas ruas do centro. Meio no Chalé, meio no Mercado Público, meio na Voluntários.

Perguntei se ele leu meu post (aquele, o "Se cuidaU2"), ele disse que sim. Porém não comentou nada neste encontro e nem por nenhuma alameda virtual. Me abraçou como sempre faz. Foi suscinto como sempre é. Me fez, ainda mais, ter a certeza de que nossa amizade está longe do natural... Vivemos perto e longe, bem demarcadamente separados e, eternamente, juntos. Velho Mestre Motoqueiro.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sorrindo pro céu branco

Trilha: Você vai lembrar de mim, do Nenhum de Nós (mas tem que ser a versão do segundo acústico).
http://www.4shared.com/file/70567704/1b47055a/01_Nenhum_de_Ns_-_Voc_Vai_Lembrar_De_Mim_Acstico_2_.html?s=1


Podemos dizer que hoje é um dia bem feio. Ontem tava mais, mas hoje continua feio. Sou suscetível ao tempo, ele influencia. Porém isso não determina nada. Posso até estar mais delicada, em dias assim... Mas nunca frágil.

Eu e Drika (o burro na frente) sempre comentamos: não tínhamos nada pra ser amigas; somos muito diferentes. Só que lá no fundo eu sei, com absoluta certeza, que encaramos a vida igualmente.

Nesse dia corrido do centro da cidade me fui até o Bom Fim, almoçar com a dita cuja. Falar, falar demais! E reclamar de quem não consegue ser feliz com o que somos. O trânsito, o clima, o tempo, tá foda? As pessoas não colaboram? FODA-SE! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A gente, nós, pessoas, nos importamos com esses detalhes porque vemos os outros se estressarem também, e assim tudo só se acumula. Drika e eu, com toda a falta de modestia que aprendi a usar com a Dábila, sabemos diferenciar as coisas. Sabemos encarar as coisas, os imprevistos, o tédio, os problemas, sabemos amar, se importar, e isso se chama SER mulher.

Me inspirei neste almoço para escrever, mas também num post do blog da Drika ( http://drikabonita.blogspot.com/2009/06/welcome-to-jungle.html ). Ela imprimiu pra eu ler no almoço, mas acabei lendo no bus, na volta.

Pensei em muitas coisas, nessa volta. Lembrei dos detalhes do encontro com Drikóviski. Eu tentando achá-la, falando com ela no celular pela calçada e passando por ela no orelhão da rua, sem encontrar, hehehe. Lembrei que pedi dois bifes pequenos de carne. Lembrei da cara do garçom pro meu adesivo no peito, "Fora Yeda". Lembrei do sorriso da Drika, lembrei dela falando "cabelo preto?!". Esse cabelo preto me lembrou de alguém que hoje em dia mal tem cabelo, e que eu não esquesation.

De tudo isso lembrei passando pela Mauá, quase no Mercado, no mesmo instante em que me peguei sorrindo pro céu. Um céu branco, que gritava pra todos os lados muita garoa e frio. Desci do ônibus, a passos largos para a Andradas. A vida realmente é muito bela, principalmente pra pessoas como a Drika e eu. Porém isso não determina nada. ,)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Se cuida | U2.

Eu não sei direito o que me lembrou você, mesmo. Mas sei que lembrei com muito pesar, por lembrar imediatamente que tu deveria estar tendo aula na PUC à esta hora, rodeado de colegas, fazendo uma faculdade que, segundo tu mesmo, fui eu quem te pilhou.

Seria maravilhoso pra mim saber de tudo isso, se eu não tivesse totalmente fora desse mundo. E é claro, não é "o mundo da PUC". É o teu mundo, meu futuro jornalista mais foda.

Parei pra pensar, quantas idiotices nos afastaram? 10, 20, 100? Muitas culpa minha, muitas culpa tua, poucas culpa de ninguém... Estamos há apenas alguns vários kilômetros, na mesma cidade, mas tão, tão longe.

Eu não quero receber tua ligação apenas quando meu time ganhar algum título (embora essa frequência seja rápida), ou quando nossos times jogarem um contra o outro. É horrível depender do Corinthians pra te ouvir.

Também não quero com este post que tu me ligue falando qualquer coisa, ou me visite, ou sei lá. Eu só queria que, lendo isso, tu soubesse que nossa amizade é algo que habita em mim, e que levo sempre comigo os ensinamentos de meu Mestre, como usar colírio para os dentes. Queria um sinal de vida teu, nem que fosse apenas um "ponto" nos comentários desse post, eu não sei... Algo que me fizesse ver que ainda sou aquela guria complicada pra ti :) .

Tu sempre quis um post pra ti, né... Talvez não nesses moldes. Talvez reclame em silêncio que eu deveria ter sugerido trilha, como nos outros post's. Mas pense, nós temos tantas frases de músicas soltas ("Anjo, Você sabe que esse não é o fim Nós sempre seremos bons amigos"), nós temos tantas canções que só nós entenderíamos ("Without you arms Would you never believe"), seria injusto sugerir uma só.

Ainda ouvirão falar muito nesse cara, nesse cara que eu amo tanto: Tiago Ceccon.

terça-feira, 9 de junho de 2009

♪ Today is the greatest... ♪

Trilha: Today, do Smashing Pumpkins.
http://www.4shared.com/file/64587157/7c6146fb/smashing_pumpkins_-_Today.html?s=1

Caminho, caminho, mas a cada tantos passos olho pra trás. Este blog tem vida há um ano... Nossa, que ano.

Esse período, de junho de 2008 até agora, junho de 2009, foi um tempo muito importante. Ah, por muitos motivos. É preciso ter estado nos bastidores pra entender as coisas. Tantas coisas, tantos fatos. Só que agora, eles não são importantes. As mágoas, os sofrimentos, as mudanças.

•○•○

Abri o blog hoje pra escrever sobre esta época. Só que pensei bah, se hoje tá tão melhor do que em junho do ano passado, então pra quê dar esse tom tão pesado pro post?

Vamos falar de artesanato!!! Que tal?!

Tá, piada infâme.

O ano foi importantíssimo, porque aos trancos e barrancos me touxe até aqui. À essa altura já escrevi e reescrevi várias coisas neste mesmo post... Quantas coisas fazemos aos trancos e barrancos nessa vida? Quantos projetos levamos até o final só pra poder dizer "viu, eu comecei e terminei". Só por medo de trocar de opinião, só por medo de dizer eu não quero, só por medo de OLHAR pro lado.

Isso não é incoerência, é manter-se aberto pra não se afogar na própria doutrina fissurada.

•○•○

Ontem eu olhei um encarte de uma loja, e lá ví um modelo de tênis feminino novo da Reebok. Eu nunca curtí aquele tipo de tênis. Mas daquele eu gostei.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sufoco aos 45 do 2º tempo

Ás vezes eu paro pra pensar no porquê de as coisas darem errado sempre num certo ponto pra mim. E fico com mais raiva ainda.

Porque a impotência me arrasa, poda, mata. Saber que não posso mudar tal coisa, tal acontecimento, tal sentimento, me destrói. Mais incisivamente quando se tratam de pessoas, expectativas frustradas tanto delas quanto minhas. Machuca saber que machuquei, dói saber que eu poderia ter feito melhor.

E é aí que me encho de raiva, porque tento abraçar tudo e à todos, me entregar ao máximo em tudo o que faço... Também sei que esse discurso de entrega, de se doar tá na modinha, só que eu sei o quanto me dedico à todos, então foda-se quem não acredita.

O fato é que não tenho tido sucesso ao tentar demonstrar pro motorista que eu agradeço ele ter me esperado, à uma amiga por tudo o que ela faz por mim, à um guri em especial por ser tão compreensível sempre, à minha mãe que faz muito por mim mesmo que se pudesse escolher arrancaria meu adesivo de Fora Yeda do peito... Enfim... Todos são parte de mim, e a pata aqui não tá conseguindo mostrar. Eu não gosto de usar o blog como ventilador, mas azar do goleiro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pelas minhas águas

Hoje ao acordar passei um pouco mal. Enjôo, dor de cabeça diferente de todas as que tive. Muito forte. Tudo aliviou e senti vontade de ler meus depoimentos do Orkut.

Mas os antigos, do tempo em que os depoimentos eram depoimentos longos, como eu tanto gostava e ainda adoro. Não eram frases soltas, ou correntes para os melhores amigos. Eram extensos, falavam das minhas características, do meu jeito de ser que supostamente encantava quem escrevia.

Chorei. Porque sempre soube que era um tanto sei lá, e hoje vejo que me torno cada vez mais sei lá a cada mergulho que dou na saudade. Seja dos lugares, das épocas, de momentos soltos e, principalmente, das pessoas.

Ôh saudade que dói... Incomoda. Me secar, respirar: nada mais posso além.

Só pra registrar. Já tô melhor. Saudade é prova de que tudo valeu a pena.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ato de luxo

Com certeza os presentes no centro de eventos do Hotel Plaza São Rafael não esperavam tal manifestação. Era visto o espanto no olhar de cada engravatado, cada senhora por cima de seu nobre salto. Tal espanto só aumentava a cada palavra gritada pelos estudantes, que entoavam suas tradicionais canções de combate à todo e qualquer desrespeito à educação.

Cerca de 100 caras pintadas: um belo aperitivo para essa reunião, não?




segunda-feira, 4 de maio de 2009

Individualismo: essa herança eu passo

Para mim, a mobilização estudantil não deve ter sentido apenas em modificar/melhorar o que fere a esfera educacional, como seu colégio ou seu bairro. Mas a falta de envolvimento dos jovens é o resultado direto de uma mentalidade que acompanha-nos há muito mais tempo: a posição individualista.

É disto que falo no post do link abaixo, com a ilustre participação de Nei Nordin O Mestre.

http://caraspintadasrs.blogspot.com/2009/04/romper-o-dia-romper-uma-epoca.html

Quero romper muito mais do que um dia, quero romper uma época.

terça-feira, 28 de abril de 2009

O dia em que eu subi a escadinha

Comum manhã daquele Becker muito meu... Talvez sociologia, talvez história, não sei. Era o Nei (Nordin) à frente do quadro, se movimentando pra lá e pra cá, escrevendo em tópicos, nos olhando diretamente nos olhos, com a sede que só Nei sabe demonstrar dando aulas.

Era assim naquelas, né.

Porque um dia ele - não lembro por qual brecha - veio falar da nossa época atual, do nosso jeito de encarar as coisas. Uma coisa é o Nei explicando o que aconteceu, como aconteceu. Outra coisa é o Nei decepcionado com a atualidade, com o hoje, com o daqui a pouco. Sem sede nenhuma, por ironia com sua clássica garrafinha d'água do lado.

Devia ser próximo à greve dos professores do ano passado. Nei estava irritado com o descaso à educação, mas não era uma figura do CPERGS. Era o NEI indignado. Nos deu aquela explicação com a mais profunda e seca alma desesperançosa. Falou muito sobre o individualismo, algo que também me desperta certa irritação.

Sim, eu admito ser uma guria muito inquieta. Só que aquela aula do Nei foi o estopim pra mim. Vi um cara que sabe muito dar a entender que não há mais nada a fazer. Dias depois daquilo haveria uma manifestação em frente ao Piratini, mais para os professores mesmo, ainda assim com alguns grêmios estudantis representados. Como estava lá, me pediram pra falar no microfone pelo grêmio. Tive um pouco de medo, demorei a aceitar. Mas me veio à mente a aula do Nei, a história do Nei e todos os motivos que ele tinha pra acreditar que tudo estava perdido.

Fui pra fila da combi de som onde esperava quem iria falar. À minha frente Vera Guasso, olha que tal. Subi a escadinha até a parte de cima do veículo, fui apresentada por uma colega e descarreguei o que me atormentava. Fiz alusão à aula do Nei, contei por alto a história e demonstrei apoio aos educadores. Devem ter gostado, aplaudiram a nanica lá de cima. :)

Hoje estufo em meu peito que faço parte do movimento Romper o Dia!, dos Caras Pintadas do RS, do partido PSoL e ainda (apesar de já ter me formado) do grêmio do Dom João Becker. Mas, entendam: Eu não seguro apenas estas bandeiras. Eu visto a camisa de quem, mais do que luta, acredita num amanhã melhor do que esse meu hoje. Sem esquecer de meu ontem, que aqui é representado pelo conhecimento adquirido com aqueles períodos de convivência com o Nei. Obrigada, Sôr.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Por um triz

Um feriado é sempre bem-vindo, né? Por mim também. Foi assim que recebi o dia de Tiradentes, essa terça que passou.

Bem faceira levantei acho que depois das 10h. Sol lindo na rua e um quase imperceptível ar frio. Coloquei uma camisa, uma calça, tênis e tentei passear com minha cadela. Eu nunca tinha feito isso. Tentei. Quem disse que o ser caminha na rua com coleira? Empacou!

Tudo bem, a manhã tava só começando, tranquilo. Queria aproveitar a manhã pois à tarde tinha uma reunião, longe daquele sol lindo.

Bicicleta, claro! Amo pedalar por aí. Abro a garagem: um dos pneus vazios. Mas que droga!

Ah nah, eu queria fazer algo. Decidi dar uma volta a pé mesmo. Iria até a faixa (um pedaço da Assis Brasil aqui pros lado do Saranda) e deu. Mp3, chave, celular. "Oi" pro vizinho, escolho música aumento o volume.

Lotação parada atravessada numa esquina, gente, princípio de aglomeração. Avisto e solto um expressivo:

_ Deu merda ali.

Pra quem quisesse ouvir. Me aproximo e foco um cara estirado no chão, provavelmente bem machucado, com suas mãos mexendo e sua moto jogada longe. Fiquei ali uns longos minutos. Pensei. Pensei bastante, no cara.

Quis seguir pra faixa. No caminho vi a ambulância que levava o cara. Andando, lembrei do meu acordar. Da minha inquietação, da necessidade de sair de casa, no meu mais puro desejo de apenas pegar o sol do dia sem sair da minha vila. Era apenas uma volta, pô.

E se eu estivesse passando com minha bicicleta na hora do acidente? Teria acontecido comigo? Ou eu teria me destraído com o choque e assim sofrido/causado um outro acidente? Eu cheguei no local segundos depois da batida, se estivesse de bicicleta teria "chego a tempo".

Tudo acontece e tudo deixa de acontecer. Mas quem decide o rumo? Enigma dos mais fudido. É.

Cadê a minha bombinha de pneu?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Eu rio, mas tem gente que não

Trilha: Gap, do The Kooks.

A chegada das coisas me chama a atenção. A maneira como chegam, o que abalam quando movem algo. Abordo então as notícias.

Lembretes, avisos, notas... Todos notícias de certa forma. A forma como um simples ou complexo comunicado é feito modifica o teor do balanço. No meu achar, é claro. A comunicação, pra mim, é fascinante pelas diversas formas das quais ela pode chegar até mim.

Acompanhada da tecnologia, a comunicação voa em metamorfose constante. Mas paremos por aí porque quem escreve é Nathália Bittencurt, então aspectos técnicos que não envolvam diretamente as relações humanas não são o foco naturalmente.

Divirjo de quem acredita que com “más” notícias não importa o que façamos, como entreguemos, o cuidado que tomemos, pois não surtirá efeito. Existem muitas maneiras de noticiar qualquer coisa e não falo de línguas, e sim de linguagem.

As “más” notícias socam direto, obviamente, os sentimentos. E também é de praxe balançar-se, pois humanos somos. De pé permanecemos por consequência da forma como que recebemos a notícia, sem esquecer de uma boa dose de bom senso, conhecido também como maturidade.

Talvez isso seja chover no molhado, mas o que quero é propor uma reflexão. Quantos grandes impactos poderíamos transformar em cutucos no dia-a-dia, amenizando muitas palavras e possíveis lembranças desnecessárias, que às mais otimistas mentes servirão – ou não – para rir mais tarde. ,)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Que loucura!

Trilha: Next year, do Foo Fighters.

Tudo bem que agora tá um calor horrível em Porto Alegre - lembro das senhoras de todo dia no elevador... "Eeessa semana vai começar o inveerno no estado." u.u - , mas mentalizemos aquela sensação de outono gostosa, aconchegante, parará.

Creio que eu esteja realmente numa nova etapa. Fim de colégio, trabalho, sempre achamos que tudo vai mudar mas ao mesmo tempo cremos que a merda será a mesma. Mas não, cara!

É diferente. Porque apesar de estar sempre correndo contra o tempo, maquinando o que posso fazer amanhã pra agilizar algum sonho, pra aproveitar melhor o findi, quando é melhor ligar pro fulano, como posso arranjar mais dinheiro, eu paro bastante pra pensar. Claro, pensar bobagens, mas paro. De onde trabalho a visão é privilegiada, dá pra ver Porto de várias formas, blablá. Aí eu vou pra janela e começo a lembrar.

Nossa, tanta coisa. Mas, apesar de pensar bastante sobre a janela, hoje o que me chamou a atenção aconteceu na rua. Na Otávio Rocha.

Era por volta das 8h e meia da manhã, e lá vinha eu da Dr. Flores em direção à Otávio, esquina Renner. Comprei a Zero Hora numa banca dessas que tem tipo bicho no Centro, e depois entrei na Pão de Queijo, uma minimini cafeteria. Peguei um pastel assado de carne com catupiry, de comer rezando. Continuei meu caminho lembrando de uma cena:

... "Você percebe que virou adulto quando assina um jornal e o lê todas as manhã em sua casa, com sua caneca de café." Eu li aquilo em alguma revista do tipo Capricho ou Atrevida. Tinha uns 11, 12 anos. Pensava bah, quando isso acontecer eu vou ser muito fodona. Algo por 2003. ...

Estou em 2009, indo trabalhar numa manhã qualquer. Comprei um lanche onde - reza a lenda - minha mãe adorava tomar café da manhã, pois trabalhava/morava no Centro. Ao chegar no meu serviço, farei o café que será bebido pelos clientes e que ficará na térmica, e com certeza quem tomará mais será eu. Ao chegar lá, também, serei a primeira e ficarei um tempo lá só... Mesmo sendo um escritório, tem ainda um ar doméstico muito forte. É como se fosse eu chegando em casa. Aí eu me olho com aquelas sacolas, um jornal, e tudo arrumadinho casamente, parecendo talvez minha casa.

Não, não quero saber "baah meeu será q virei aduulta???". Não virei. Pois como já disse num outro post, somos adultos e crianças para coisas diferentes. O que me tocou foi a passagem do tempo e, principalmente, o que eu pensava que iria me tornar e o que eu realmente me tornei. Tá bem bom. Até porque posso dizer que alguns sonhos estão se encaminhando.

Lembro agora também que não tomei minha dose de café da tarde ainda. Vou ali, depois de apertar o botão "publicar postagem" aqui.

Loucura, cara. Loucura!

Recall

É claro que o conceito é velho, mas ele sempre serve pra alguém.

Bom. Começo por uma opinião pessoal. Minha visão da perfeição é de que ela precisa vir acompanhada de um defeito de fábrica. Algum arranhão do qual não podemos extraí-lo; ele simplesmente faz parte da coisa/situação/pessoa perfeita. Só encontrando algo assim é que defino-o como perfeito.

O conceito do qual queria falar pode soar egoísta, mas trata-se de ser seletivo na vida. Encarar o que nos cerca com uma peneira, separando o que nos faz bem do que nos puxa pra baixo. Porque não há - e não há mesmo - motivo pra engolir desaforos nessa empreitada que é nossa existência. Já neste campo, falando da vida, não busco a perfeição exatamente. Penso em equilíbrio. Pois é só em equilíbrio que qualquer coisa suporta qualquer coisa, não?

É óbvio que por mais que se varra um carpete, ele nunca estará 100% limpo. Ou seja, mesmo em equilíbrio, não esperemos que todos os problemas desapareçam, não é esse o canal.

Sendo assim, equilíbrio não é a fonte da perfeição? Talvez, não sei.

Não crio um texto sem viajar um pouco, né... Mas o que seria deles sem meus arranhões de fábrica. ,)

terça-feira, 24 de março de 2009

Anoto

Estive pensando em algo que só passa mais
Estive pensando, você gosta de fazer o quê?
São aquelas coisas que só nós mesmo sabemos
Talvez um prazer, um beijo

Comecei a usar uma agenda, prova da tolice
De fazer o que se tem de fazer
Pro jantar você quer o quê?

Eu não anotei que tenho que sair
Eu não anotei "quero você aqui"
Eu não anotei que não gosto de anotar

Eu vou beijar, eu vou beijar
Eu vou beijar...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Me transportar

Sabem, no centro de Porto Alegre há muita loucura. Chamo de loucura o que é no mínimo bizarro.

Ao sair do trampo desço as ruas - como qualquer um que se preste à ir ao terminal Rui Barbosa, embaixo do camelódromo - e observo muito, mesmo que cansada. Cansada não, desgastada. O cara que anuncia a saída das lotações, fala como se fosse um feirante. O feirante fala calmamente, faz tempo que não o vejo berrar. Quem berra é o cara que fica com o microfone dentro das lojas, gritando os descontos. Tudo meio virado, tudo muito centro ainda. Mesmo com a tal revitalização. Enfim.

Eu só quero pegar meu ônibus e me mandar dali. Pego um que vai pela Free way, bendito ônibus. 20min e tô em casa. Eu chego e o bus já tá quase saindo, logo, fico de pé. Muitas pessoas também querem essa barbada de fugir da tranqueira da zona norte.

Mas não é simplesmente voltar pra casa. Ligo o mp3 e escuto uma música. Mas tem que ser aquela música, se não não acontece a mesma coisa.

Eu realmente não me importo em voltar de pé, o que importa é ter um sol na minha cara ( já me disseram que eu adoro o sol, mas nunca concordei muito. É, eu gosto do sol. Mas desse sol, o entardecer com o sol. ), um vento forte e aquela música tocando.

Ela é a Transportar, da Picanha de Chernobill. Fecho os olhos, me seguro no ônibus, sinto o vento, a energia do sol e o desgaste do corpo e da mente larga correndo, num minuto. Dá tempo da música tocar umas três vezes. Sempre escuto essa. Em qualquer outra hora escuto outras músicas mais, mas nesse momento tem que ser a Transportar.

É maravilhoso. Passar pela ponte do Guaíba, vê-la de alguns ângulos, escutar a música. Dali à um tempo descansar mesmo que de pé, viajando... Só no "aah êeh aah êeh..." do Thomas (vocal da Picanha).

Dane-se o que houve no dia, dane-se o tempo em que me detive à um trabalho, tudo tem um preço. Se no final do dia houver esta cena recém descrita, me orgulharei em dizer 'Prazer, Nathi'. Pois é assim que encaro as coisas, e o resto é estória. É assim que amo me transportar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Da minha janela

Ás vezes chove e ninguém vê
Daqui de cima eu vejo os peixes e também a chuva
Também vejo pedaços do Guaíba
Mas meus peixes caminham pelo Centro
Nadando por algo, todas as pessoas se movem.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Zás!

"É claro que somos as mesmas pessoas
Mas pare e perceba como seu dia-a-dia mudou
Mudaram os horários, hábitos, lugares
Inclusive as pessoas ao redor

São outros rostos, outras vozes
Interagindo e modificando você..." ♪

Pitty - Anacrônico

Segunda-feira porto-alegrense. Carregando algumas caixas centro à cima, pega chave, senta na cadeira, devolve a chave.

Almoço. Sanduíche de salamito, rápido! Tem ato contra a corrupção na Esquina Democrática. Empunha-se uma bandeira, distribui-se folhetos, põe-se a conversa em dia.

O que é aquilo...? Mano Changes, Comunidade Nin-Jitsu acho que gravando um clipe, na Esquina. Depois do agito, um papo com Mano.

De volta pro trampo:

_ "Acho que vai rolar um cafezinho, Nathália..."

Feito! Isso, um café, era o que eu desejava. Bah, um café, cara! Pelo corredor pensei, onde tava esse café que me chamava?

Lá estava a cafeteira. Tão linda... E dentro da caixa de embalagem ainda, meio desmontada. Em casa eu passo direto. Meu problema era a cafeteira. Mas não iria fraquejar! Vamos lá, máquina! Vmoa nos unir!

Escritório sério, é o meu. Catei o pó, o filtro, o açúcar, os copinhos, achei uma mesa velha... Vambora, é só uma máquina.

Isso não engata! Vou quebrar! Quanta água ponho? - Pensei. Não li manuais. Era uma cafeteira! Singela cafeteira!

Acho que agora vai. Tudo aparentemente montado, vou ligar na tomada...

♪ Eu sei que vou!
Vou do jeito que sei
De gol em gol com direito a replay!
Eu sei que vou
Com o coração batendo à mil!
É taça na raça Brasiiil! ♪

Voltei à minha cadeira. Havia conseguido, o café estava sendo feito, a batalha é minha! O caminho até a cadeira rende um corredor. As pessoas sérias estão em suas salas. Não há ninguém por aqui. Olho pros lados e ZÁS!!! Pulinho à la Pelé.

Yes. Cafeteira, cara. Yes!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sem essa, baby

Eu gosto de fazer isso. Então, força de vontade e paciência pra me ler.

Fui batizada na igreja católica, e lá fiz a 1ª comunhão também. Não me bateu o coração fazer crisma, e não fiz. Há um tempo alguns amigos me convidam para ir até o grupo de jovens da igreja, mas eu também nunca me senti atraída. Porém sábado fui, no encontrão dos grupos. São quatro grupos, divididos mais ou menos por idade. "Meu grupo" usava preto, e eu uma blusa preta qualquer. É estranho, cara...

Porque detalhes são capazes de me repelir das coisas. Eu gostei das danças, das arriações. Mas nas pessoas dali (fora meus amigos), eu não vi um resquício de mim. Havia um cara que era tipo monitor de lá, que estudava pra ser padre... Esse cara foi um dos responsáveis por eu me sentir totalmente fora dali. As coisas ditas por ele e pelos outros organizadores, não eram coisas confortáveis. Me diziam o que fazer, impunham limites claros, queriam me fazer acreditar que só estarei a salvo se seguir essas regras subliminarmente impostas. Eu também percebia no ar e nas conversas, um tom extremamente inocente.E ele é realmente inocente, na maioria dos jovens de lá. Isso afeta consequentemente o humor das pessoas dali (fora os meus amigos), que com toda a certeza não tem nada a ver com o meu. Perdi aquele ar meses depois de minha comunhão, me vejo longe deles. Muito longe, meu lugar não é ali, gostando ou não das danças.

Em outrora o padre dali falava sobre as obrigações de um jovem, que tem que ver seus estudos e vida familiar como um trabalho, e tals. Ele citou a tarefa de arrumar a cama como algo que tem que ser feito, pois "é bonito ver as coisas arrumadas". Ora, pra ele e pra meio mundo pode ser bonito ter a cama e o quarto arrumados, mas por quê que pra mim e pra outra metade do mundo não pode ser normal, essa desordem? Não podemos nos sentir bem assim, na nossa bagunça em que sempre achamos o que procuramos? Minha organização me serve, corresponde A MIM. Só não quero que tentem enfiar na minha cabeça conceitos generalizados, fazer coisas porque é assim e assim tem de ser feito. Por ser assim, prefiro o assado.

Acredito no meu Deus e ele sabe. Nós nos entendemos, e pra mim o amor dele nunca foi cobrado.

Também no sábado, à noite, fui numa festa de 15 anos. Maravilhosa, a festa. No auge da festa - pra mim - , ouvi tocar uma das músicas que mais amo: Girls just wanna have fun, da Cindy Lauper. Foi a catarse. Mas, sendo Nathi até nesses momentos em que estou em êxtase, pensei...

A diversão, a satisfação, a alegria, - pelo menos pra mim - não pode vir de qualquer regra/costume/ordem imposta. Com pressão não se vem este tipo de sentimento. As coisas nascem naturalmente, portanto aqueles detalhes no discurso da igreja me repeliram.

♪ That's all they really want
Some fun
When the working day is done
Oh girls... They wanna have fun
Oh girls just wanna have fun ♪

Porque eu também, sou uma guria que só quer se divertir. Bóra escutar essa música?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval: perseguição nas Colinas!

E eu ainda tenho que explicar o porquê de amar tanto a vida. As minhas pessoas. A realidade como ela é.

Thina querendo ou não está sempre pelas surpresas e pela programação ao mesmo tempo. Acordou Torino, quis saber o que seria da tarde. Ia a escudeira Drika, também. Ponto de encontro mais clássico fora o shopping Lindóia? Casa do Kluge! Ponto C? Casa do Bebum (Gabriel M.) .

Tranquilo. Só que Thina ainda foi encontrar a baixinha do Bom Fim no final da linha do T7, isso levou algum tempo. Ônibus pra regressar ao Lindóia, por coincidência o próprio. Kluge não estava, Nathi quis ver Nicholas. Todos chegam, reunião na cozinha do Kluge (e do Nicholas também, né) . Quartel, alistamento, barras pela frente, Pepsi pra todos e Taauge pra Drika. Ela não almoçou ainda.

Bebum? Óbvio, vamos. Nicholas não pilhou. Conversas, risadas, e uma ida ao Nacional, acompanhados de uma pet 2l de fanta uva com caipa. Blééh.

_Não tá forte. - by Torino.

_Nooossa... - cheira Thina.


Thina e Drika tinham que ir ao banheiro, e o mercado tava fechado. Kluge...?

_É por aqui, gurias. - by Kluge.

Fomos, enquanto isso Nicholas via Jackass na sala. Hilário. Convidamos ele pra voltar junto, ele viu a luz do dia e nem pensou: não. Pena.


Caipa não é algo que Thina curta, mas vamos lá. Caneca do Grêmio vai, vem, volta. Daqui a pouco...

_Vocês não sabem que horas o mercado abre amanhã, jovens?

Thina até leu os cartazes nas portas do Nacional, mas não havia a informação.

_Bah... Tô loco pra comer uma pizza com Coca-cola.

Whatafuck, ouvintes? Lá vem...


_Vocês sabem, jovens... O titio aqui...

Pronto. O senhor tinha 68 anos, e quase os contou todos para nós. Morava ali mesmo, na Panamericana. Drika, Kluge e Bebum riam na cara dura, Torino e Thina achavam graça mas prestavam atenção. Uma dessas não é qualquer dia que acontece. O senhor contou MUITA coisa da vida dele, impressionante. Disse que todo mundo o conhece ali.

_Olha, não é qualquer um pra fazer tudo isso... - by "titio"

_Tem que ter pique! - by Thina.


Ele avisou que no shopping tinha casquinha se sorvetes, e estava barato. Começou a falar de poemas. Pra quê... Torino dispara em voz alta:

"De fato

aquele não era um dia feliz

mamíferos e ovíparos desesperados

guiados apenas por sua

dor, agonia e raiva

quebravam e matavam

por ultimo

e não menos importante...

defecavam

e as portas se fechavam."


Ninguém acreditou no que se passava. Meu Deus, um estacionamento de mercado vazio, terça de carnaval, bira, nós, um senhor de 68 anos desconhecido, e na nossa frente Torino recitando convicto de si um poema criado em seu 1º ano de ensino médio. Meu Deus. Eu não sabia o que fazer. Drika quase simi. Kluge também. Bebum não acreditava no que via.

Ah! Seu nome é Juarez da Silva Machado. Diz ele que mora ali há uns 30 anos... Contou muitas histórias - ou estórias? Isso não sei. Deu dicas. Nós apresentamos à ele o Churupa FBPA. Isso ele não conhecia ainda. ;) Mais papo, até que conseguimos sair dali e de perto do senhor.

Fomos pro shopping. Ao banheiro, mas de elevador. As gurias saíram primeiro, e puderam ouvir da saída os gritos dos guris ainda dentro do banheiro. Uma mulher olhou com medo para as portas:

_Calma, são só nossos amigos. - by Thina.

Nós rimos. Ela não.

Mais conversas, papo furado, tentando decidir o que fazer em direção à praça de alimentação. Não lembro se foi Bebum ou Kluge quem gritou:

_PÁRA, MEU! O JUAREZ TÁ ALI!!!

Pavor no shopping! Meu Deus! Ninguém acreditou de primeira: pé-ante-pé todos verificaram, se escondendo atrás das paredes. Thina atrás do caixa eletrônico.

_O pior é que é, meu! - by alguém.

Juarez, na fila da casquinha do sorvete! Perseguição! Decidimos sentar na mesa que fica entre a lotérica e o quiósque da locadora. Ele não nos veria. Fomos rápido. Prestes a sentarmos, Bebum grita:

_Xiiiitê, Juarez!!!

_Pára, Bebum!!! - todos o puxam.

Um tempo depois Juarez foi embora. Pedimos uma porção de fritas com alcatra e um chop, na lancheria. Pegamos também as batatas de alguém que deixou na mesa ao lado. Tudo tava tri bom. Daqui a pouco...

_"Vou te dar em ti!!" - comenta um guri entre um casal de amigos.

Pelo que entendemos, eles foram ameaçados por outros caras, e foram reclamar com o segurança. Desceram ao piso do shopping. Os seguimos, claro! "Corram pras Colinas!!!" - grita Kluge. Eu quase mimi.

_Vou te dar em ti... Só por aí tu já tira, né, meu... - disse Kluge, rsrs. Os três amigos resolveram "ir para o Sarandi". Eu não os conhecia, já aviso.

Fomos pro Bebum, gritamos "Juarez, Juarez, Juarez!" na rua, sentamos numa mesa ao ar livre. Thina tinha hora pra ir embora, mas queria ver Nicholas antes de ir pra casa. Foi sozinha e os outros levaram Drika. Páh! Deu com o nariz na grade; Nicholas tava ocupado. Ok, de volta pra casa. 613 Beth.

Que dia bom. Que dia bom, tchê. Sei que a qualquer sinal de perigo, corro pras Colinas. Precisando de contatos, falo com o Juarez. Aprontando, me chamo Thina. Vivendo, sou a Nathi.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"extra-incomum" ou "extra-você"

Trilha: Champagne Supernova, Oasis.

Eu já tava com saudade de como o tempo ameno me fazia sentir. Tenho quase certeza de que é assim, com esse tempo, que sabemos quem somos. No calor tudo se dispersa, e acho que é na amenidade - ou frio - que nos libertamos e nos vemos claramente.

Eu até sei me ver, agora. Como sempre me vi, obviamente com alguns traços modificados como as dunas. Como sempre me vi... Arrepiada pela temperatura, me sentindo viva nas palavras, querendo alguém pra me cobrir com os braços, ou estar nos braços de alguém, como queiram; chocolate quente, a vida é bela. É bela porque não sou eu que a vejo melhor do que ela é, e sim ela que me faz melhor do que eu sou.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Pipocando ou não, todos saímos da panela

Criado em 19 de fevereiro de 2009.

Como deixo pingado por aqui, existem muitas Nathi's. Ou seja, concordo com a máxima de que "somos várias pessoas ao mesmo tempo". Todos temos vertentes, lados, e também acho que eles são mutáveis. Vamos descobrindo-os ao longo da vida, nos surpreendendo e adquirindo experiência. Minha curiosidade é saber qual deles prevalece na hora da pressão. Seria possível prever reações?

Diante da tragédia, do desespero, da adversidade, posso advinhar que mil coisas passam na cabeça das pessoas. Você pode manter-se ereto, curvar as sobrancelhas e aguentar de pé. Você pode sentar devagar, elevar a mão aos olhos e tentar acreditar aos poucos no que se passa. Você pode cair, sair de si, e com dificuldades se levantar.

Seria eu mais forte se permanecesse de pé e engolisse a seco minha dor? Ou fraca, se caísse? Não. Pois tudo tem um ônus. Cair implica machucar-se à primeira vista. Suportar o tranco significa acumular golpes em si, muitas vezes alimentar lendas, estórias feitas por nós mesmos e ninguém mais.

Tempo às suas devidas proporções, o que importa é assimilar as dores no final das contas. O que ocasionou, o teor de culpa ou não, a responsabilidade no que ocorreu ou não, o seu papel na história. Entendamos nossos choques, sustos, decepções, problemas quaisquer que sejam. Escolhamos o traço mais sensato das nossas várias vertentes para nos reger frente às adversidades. E se, além de sensato, ele nos permitir ver as coisas de uma maneira mais leve, melhor. Bem melhor. Já diria minha amiga Drika, "Deguste-se". Habilidade linda acho, a das pessoas que sabem rir de si e aproveitar toda e qualquer fase.

Quanto às Nathi's... Bem, elas curtem bastante a Thina. ;)

Dias que não acabam

Criado em 16 de fevereiro de 2009.

São domingos, são segundas-feiras. São balanços das suas madeixas. Suas mãos por aí, eu por aqui, sorvete de iogurte, o resto pra mim. E se todo o sabor de um bom papo, um acaso bem planejado, destino montado, beijo cheio de vontade, risadas ao vento, pudesses degustar? Não, não quero me desgustar como propunha Drika, eu quero provar dos outros, tragam-me veneno ou delícias.

Não chove, não venta demais, o tempo é meu. Ouço um chamado ao fio, vem da Redença. Ouço minhas vontades, faço curvas, estou zona norte. Na minha Porto mais que alegre e ás vezes nem tão Alegre assim eu vivo. Respiro fundo.

Entre as urgências mais loucas que se possa ter... Convocação, impulso, chute, desejo. Mas desejo mesmo. De se ultrapassar, se permitir. E ações. Eu fiz. Madeixas balançei, talvez junto com elas alguns conceitos velhos que não foram meus e nem serão. Ao balança-los confundi corações, corpos. Juntei corpos.

Convocações... Vem!

Desembarca Drika, encontra Thina. Beth é o lugar. Apresenta-se casa, quarto, família. Não, não queremos. Bar? Claro!

Drika salto fino, Thina havaianas velhas. Se falam sempre, mas tinham muito pra contar. Contar como sem copos?

_ Polar.

_ Polar.

Exclamações, comentários, histórias - recentes. Companheirismo. Risadas pra quem quisesse ouvir. Rir da vida, das neuras, dos fatos e traumas, me desculpem: mas é extremamente normal para essas duas pessoas.

_ Mais uma por favor?!

Conversar, conversar muito. Pagar a conta e ir para a praça mais popular: praça da 21. Sentar no balanço, falar do sexo oposto, lembrar de qualquer coisa. Sorvete! Para as duas, e sentar na calçada relembrando o que ambas achavam uma da outra antes de tudo. Antes das vidas se baterem, coincidências às juntarem, mundos se cruzarem pra não se soltar mais.

Sentar em brinquedos de praça, barriga e olhares pra cima. Bolsas largadas, braços pro ar... Olhemos o céu! "E isso não é promessa de bêbada. Até é. É sim!". Ali conversaram muito.

♪ So please, u know u're just like me... ♪ - trecho de Perfect, do Smashing Pumpkins.

Voltar em casa, comer, ver fotos. Drika leu o "diário" de Thina, de quando tinha 14 anos. E aí chegamos: evolução. Já parou pra pensar em quantos TU's já existiram? Já houveram muitas Nathi's. Destaco a de 14 anos, a que não gostava da Drika no começo de 2008 e a que não vive sem a Drika de uns tempos pra cá. Três gurias distintas.

Despedida corrida, por volta das 8h da noite.

_Te amo, gordinha.

Abanos. Horas depois, ligações mútuas. Parece que não se falam há meses. Quase meia-noite, o assunto ainda não acabou. Drika numa faca de três gumes, Thina anciosa dentro de sua tranquilidade; não há dores. E elas se orgulham muito de estarem de pé.

O que gira nossa roda, o que me faz perceber isso assistindo Drika e Thina bebendo num bar segunda-feira à tarde? Elas são felizes, muito felizes. Então, do que mais elas precisam? Com certeza elas sabem do que precisam.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Luta de brios

Eu me emputeci.

Novamente, venho aqui após assistir - mesmo que apenas o final - o programa Conversas Cruzadas, da TVcom, debatendo uma campanha aparentemente sindicalista dos trabalhadores, com ar e gosto esquerdista. Assisti os últimos dois blocos, e parecia que voltava ao meu primeiro ato público em frente ao Piratini.

Lembro de um professor de História da FARGS, se dizendo não pró-governo, e sim contra às manifestações feitas. Seu colega, com todo o respeito, não lembro quem era, sei apenas que também se postava contra. As manifestações a que me refiro foram especificamente a distribuição de folhetos com o rosto da governadora Yeda Crusius, representando "a destruição do RS".

À direita de minha tela, representava o CPERS a presidente do sindicato, Rejane de Oliveira, entoando nosso esquerdismo. Seu colega dividia esta causa com ela.

Pois bem.

Era um disse que me disse, contrário à proposta do que prega o próprio debate. Leve suas idéias, reinvidicações, argumentos, leve o que puder a um debate. Mas leve a favor de sua causa, não permeie em suas palavras a crítica ao outro lado! Ataque e defesa fazem parte de toda a luta, e a luta idealista não é diferente.

Lados certos ou errados, outra: mais respeito!

No último bloco do programa, o tal professor da FARGS deu um show de coerência mandando seus opositores calarem a boca, perdendo totalmente sua linha de raciocínio. Dizia não aguentar mais a ladainha da campanha opositora: pois então venha nos propor direções, apontar melhorias! Não gostar de algo/alguém é fácil, falar qualquer coisa pra dizer que falou é mais ainda.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Anéis latinos

Criado em 8 / 2 / 2009:

Eu tenho alguns anéis. Tenho usado mais dois deles: um é o que chamo de azulejo, pois é uma pedra relativamente grande parecida com isso, lilás. O comprei numa loja de ornamentos exóticos da Cidade Baixa. O outro é uma bijuteria simples cor de prata, com uma estrela e strass's cor de brilhante, de uma loja da Assis.

Hoje fui almoçar em Canoas, na casa dos familiares de minha dinda. Ela tem uma irmã que mora na Argentina, e hoje ela e sua filha Daiana voltariam para seu país após passar as férias aqui. Minha dinda tem também uma sobrinha chamada e Ágata, que mora em Canoas e também estava no churrasco de hoje.

Lá o portunhol era bonito de se ver e engraçado de se ouvir. A mãe de Daiana elogiou meu anel de azulejo, e eu logo pensei 'será que isso é moda na Argentina?'. Porque aqui não é algo comum. Whatever.

Depois de tirar fotos minhas, Ágata pegou minha mão e me levou pra dar uma volta no vasto terreno cheio de árvores em torno da casa. Perguntou minha idade, me julgando com 15 anos. Eu disse que estava com fome, ela explicou minunciosamente seus hábitos alimentares... Almoça, come à tarde e "depois só torradas às 10h da noite". Ela disse que gostava de comer assim. Perguntei sua idade, ela queria saber se tenho namorado. Voltamos do passeio, sentei na roda de conversa embaixo das árvores. Me interei do que falavam, sendo envolvida pelo vento delicioso que por mim esbarrava. Ágata sentou no banco também ao meu lado. Me olhou e disse:

_ "Mas só metade da torrada."

Se risse, poderia magoa-la. Passei vontade e não ri.

Hora de servir-se do churrasco, e também hora de catar um lugar à mesa. Avistei Daiana, fui sentar perto dela. Ágata me puxou e não deixou. Isso mesmo: ficaram discutindo o dia inteiro. Ao me servir, Daiana viu meu anel e disse algo como:

_ "Que bonito tu anillo!"

Tirei-o e pus nela, quis da-lo. Ela educadamente recusou o azulejo. A essas alturas Ágara já bufava ao meu lado.

Não deu meia hora e Ágata pediu meu anel emprestado, subiu em cima de um carro e começou a se mostrar com o anel. Daiana almoçava tranquilmente, sabiamente ignorando.

À tarde foi Daiana quem pegou minha mão e me levou pra passear. Quis saber como era na Argentina, se ela tinha Orkut, coisas assim.

Não tire Ágata pra esperta ou viva. Daiana realmente gostou do anel. Ágata não está a frente de ninguém: Daiana que está, pois ouviu provocações o dia todo, às responder sem fazer birra e rebaixar-se. Apenas gostou do anel. Não pude deixar de analisar tudo isso.

_ Daiana, é teu. (sobre o anel)

_ "Tu não gosta do teu anillo?"

_ Gosto, mas quero te dar.

Ganhei um abraço forte e verdadeiro; latino. Depois avisei-a para cuidar dele, e ela timidamente disse:

_ "Na verdad, quando falei sobre o anillo, eu falei sobre o outro (de brilhante), no sobre este (azulejo)."

Claro, troquei com ela. Outro abraço. Ágata já tinha esquecido história, ainda bem.

Elas me curtiram, eu elas. Ambas beirando os 10 anos. Girls, girls. Daiana tem outra mentalidade, devem ser assim os argentinos. Entendo Ágata, sempre foi a menina da família, não gostou da presença da prima distante.

Ainda no terreno da casa, vi ganços (ou patos?) voando! Só nos rasantes.

Ágata foi embora primeiro. Depois fui eu quem voltei pra casa. Era o último dia de Daiana. Abraçei-a forte e depois mandei um beijo com a mão, à la xuxa.

Latinos, latinos... Que coisa.

Anel dado ----->

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Eu sei voar

Trilha: 'So I thought', Flyleaf.

Ás vezes é como se eu voasse. Voasse mesmo, sentindo o vento, fechando os olhos lentamente. Desenho animado. Creio que todos sabemos ficar assim. Talvez não como eu, mas no final a sensação de plenitude é a mesma.

Nada carnal.

É um tempo do dia em que nos recolhemos em algum lugar para se encostar e comer com alguma calma; popular quase meio-dia, pessoas almoçam. Só que eu quis pegar minha bicicleta e pedalar. Eu quase que sempre passo pelos mesmo lugares. Subindo a rua em que o ônibus cruza o valão (passageiros do Sarandi, alguém aí?) eu vi um avião passar logo acima de mim. Vi suas luzes, o vi rápido, tão rápido quanto ele.

Algumas voltas depois eu descia outra travessa com o valão. Uma bem mais acentuada, excelente para fechar os olhos, relaxar os pulsos, inclinar-se pra cima e sorrir. Se alguma pedra me desequilibrará, se uma peça da bicicleta se desprenderá, eu não sei. Fecho os olhos e vale o risco. Mesmo não havendo casas muito perto sempre há alguém passando, alguém pra me olhar como uma ET. Uma ET voando.

Sarandi não é nenhum sonho meu. Por esses dias - já meio tchúca - eu conversava com amigos daqui sobre o número de vilas ao redor da nossa, elegíamos a melhorzinha, víamos o quão grande é o universo de um bairro. Problemas de segurança ás vezes me fazem encher o saco de morar aqui. Mas tenho que dizer que nunca me senti mal em morar aqui. É um bairro como qualquer outro: com problemas, mas que ao mesmo tempo proporciona coisas boas para as pessoas, das mais diferentes formas.

No Saranda City eu voo. E teu bairro, te proporciona o quê?
Obs.:
>Falo do meio-dia e a foto corresponde ao pôr-do-sol.
>Criado em 30 de janeiro de 2009.