quarta-feira, 18 de março de 2009

Me transportar

Sabem, no centro de Porto Alegre há muita loucura. Chamo de loucura o que é no mínimo bizarro.

Ao sair do trampo desço as ruas - como qualquer um que se preste à ir ao terminal Rui Barbosa, embaixo do camelódromo - e observo muito, mesmo que cansada. Cansada não, desgastada. O cara que anuncia a saída das lotações, fala como se fosse um feirante. O feirante fala calmamente, faz tempo que não o vejo berrar. Quem berra é o cara que fica com o microfone dentro das lojas, gritando os descontos. Tudo meio virado, tudo muito centro ainda. Mesmo com a tal revitalização. Enfim.

Eu só quero pegar meu ônibus e me mandar dali. Pego um que vai pela Free way, bendito ônibus. 20min e tô em casa. Eu chego e o bus já tá quase saindo, logo, fico de pé. Muitas pessoas também querem essa barbada de fugir da tranqueira da zona norte.

Mas não é simplesmente voltar pra casa. Ligo o mp3 e escuto uma música. Mas tem que ser aquela música, se não não acontece a mesma coisa.

Eu realmente não me importo em voltar de pé, o que importa é ter um sol na minha cara ( já me disseram que eu adoro o sol, mas nunca concordei muito. É, eu gosto do sol. Mas desse sol, o entardecer com o sol. ), um vento forte e aquela música tocando.

Ela é a Transportar, da Picanha de Chernobill. Fecho os olhos, me seguro no ônibus, sinto o vento, a energia do sol e o desgaste do corpo e da mente larga correndo, num minuto. Dá tempo da música tocar umas três vezes. Sempre escuto essa. Em qualquer outra hora escuto outras músicas mais, mas nesse momento tem que ser a Transportar.

É maravilhoso. Passar pela ponte do Guaíba, vê-la de alguns ângulos, escutar a música. Dali à um tempo descansar mesmo que de pé, viajando... Só no "aah êeh aah êeh..." do Thomas (vocal da Picanha).

Dane-se o que houve no dia, dane-se o tempo em que me detive à um trabalho, tudo tem um preço. Se no final do dia houver esta cena recém descrita, me orgulharei em dizer 'Prazer, Nathi'. Pois é assim que encaro as coisas, e o resto é estória. É assim que amo me transportar.

Um comentário:

Anônimo disse...

opa, que beleza

que pena que eu nao tenho mais um blog fazia relatos semelhantes aos teus, mas está bom.

valeu por gostar da musica.

thomas.