quinta-feira, 20 de agosto de 2009

4ª série

_ "...Depois vocês respondem no quadro."

Feito! Acertarei todas, o giz já é meu, minha letra é foda. - pensava eu, após a professora dar a ordem.

Minhas notas sempre foram altíssimas, até eu chegar na 7ª série. Aí elas encontraram uma espécie de abismo, e caíram uma a uma lentamente. Mas isso não vem ao caso, completei o ensino médio e aqui a época é outra. 4ª série.

Longíncuos anos que se vão armazenados na memória. Sinceramente, lembro de poucas coisas desse ano escolar, poucas mesmo. Porém esse dia do quadro minha memória achou difícil de jogar fora. Não lembro a matéria, tão pouco o que eu escrevia no bendito quadro, sei que era algo extenso, não era um exercício. Era a própria aula da professora, tenho quase certeza que era um texto grande. Bem CDF que era, fui até o final com sorrisos na alma, pontuando bem cada ascento, cada nova linha. Que beleza.

Tá, né. Cheguei no final, terminava então minha obra prima. Não queria apenas bater o giz no quadro e assim marcar o ponto final. Que sem graça! Queria deixar eternizado junto às palavras o meu nome, mesmo que qualquer sopro tirasse o giz do quadro. Eu queria e fiz! Assinei:

"Escrevido por Nathália."

Sim, eu fiz isso. Eu, gorda, com 10 anos, uma folha e um giz nas mãos, fiz isso.

Voltei pro meu lugar, esperava a professora reparar na minha obra de arte, um enorme texto escrevido por mim no quadro, que maravilha! Só que minha colega foi mais rápida.

_ "Escrevido?!"

Putaquepariu. Ainda bem que ela não fez escândalos. Ouvi ela perguntar aquilo em voz média, olhei pro quadro e foquei meu grotesco erro. Tá, 4ª série, mas não interessa! Eu escrevia tudo certo, caguei justo na assinatura, algo tão idiota que era pra ser minha saída triunfal do quadro! Deixar assim é que não ia.

Mais rápida do que aqueles olhares que as professoras dão pro lado e que nós aproveitamos pra colar, fui correndo até o quadro, arrumei para "escrito" e me sentei de novo. Quase certeza de que ninguém além dela viu.



Minha mente só trabalhava pra que eu fosse notada pelos grandes feitos, pela excelência, ambições que eu realmente não sei daonde vinham. Era uma criança, uma criança que queria parecer grande por seu modo de agir. É, talvez eu só quisesse ser grande.

Logo observo que há alguns anos as coisas que mais me tocaram foram as coisas pequenas. Os elogios que se escondem em qualquer comentário, um papel em que foi escrito por qualquer amiga o quanto ela é feliz em me ter por perto, um sorriso ou olhar carinhoso jogado pra mim, palavras que vêm dificilmente e por serem tão raras têm um sabor tão especial. Vejo que há tempos já não desejo todo o grande reconhecimento, toda a glória que almejava obter. Penso que é muito melhor ser assim.

É, talvez eu seja grande, porém acho o mundo muito mais aconchegante para os pequenos. Continuar num corpo pequeno com minha nobreza de gente grande pode ser um bom negócio, muito mais do que eu sonhava quando estava na 4ª série.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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Meu blog abandonado! Tenho algumas historinhas pela metade nos rascunhos daqui, apenas esperando um nexo com a realidade pra eu conta-las do meu jeito.

Ops, essa coisa de frasezinhas é pro Twitter apenas. O meu é http://twitter.com/nathibs .