Ás vezes é como se eu voasse. Voasse mesmo, sentindo o vento, fechando os olhos lentamente. Desenho animado. Creio que todos sabemos ficar assim. Talvez não como eu, mas no final a sensação de plenitude é a mesma.
Nada carnal.
É um tempo do dia em que nos recolhemos em algum lugar para se encostar e comer com alguma calma; popular quase meio-dia, pessoas almoçam. Só que eu quis pegar minha bicicleta e pedalar. Eu quase que sempre passo pelos mesmo lugares. Subindo a rua em que o ônibus cruza o valão (passageiros do Sarandi, alguém aí?) eu vi um avião passar logo acima de mim. Vi suas luzes, o vi rápido, tão rápido quanto ele.
Algumas voltas depois eu descia outra travessa com o valão. Uma bem mais acentuada, excelente para fechar os olhos, relaxar os pulsos, inclinar-se pra cima e sorrir. Se alguma pedra me desequilibrará, se uma peça da bicicleta se desprenderá, eu não sei. Fecho os olhos e vale o risco. Mesmo não havendo casas muito perto sempre há alguém passando, alguém pra me olhar como uma ET. Uma ET voando.
Sarandi não é nenhum sonho meu. Por esses dias - já meio tchúca - eu conversava com amigos daqui sobre o número de vilas ao redor da nossa, elegíamos a melhorzinha, víamos o quão grande é o universo de um bairro. Problemas de segurança ás vezes me fazem encher o saco de morar aqui. Mas tenho que dizer que nunca me senti mal em morar aqui. É um bairro como qualquer outro: com problemas, mas que ao mesmo tempo proporciona coisas boas para as pessoas, das mais diferentes formas.
No Saranda City eu voo. E teu bairro, te proporciona o quê?
Obs.:
>Falo do meio-dia e a foto corresponde ao pôr-do-sol.
>Criado em 30 de janeiro de 2009.
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