terça-feira, 24 de março de 2009

Anoto

Estive pensando em algo que só passa mais
Estive pensando, você gosta de fazer o quê?
São aquelas coisas que só nós mesmo sabemos
Talvez um prazer, um beijo

Comecei a usar uma agenda, prova da tolice
De fazer o que se tem de fazer
Pro jantar você quer o quê?

Eu não anotei que tenho que sair
Eu não anotei "quero você aqui"
Eu não anotei que não gosto de anotar

Eu vou beijar, eu vou beijar
Eu vou beijar...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Me transportar

Sabem, no centro de Porto Alegre há muita loucura. Chamo de loucura o que é no mínimo bizarro.

Ao sair do trampo desço as ruas - como qualquer um que se preste à ir ao terminal Rui Barbosa, embaixo do camelódromo - e observo muito, mesmo que cansada. Cansada não, desgastada. O cara que anuncia a saída das lotações, fala como se fosse um feirante. O feirante fala calmamente, faz tempo que não o vejo berrar. Quem berra é o cara que fica com o microfone dentro das lojas, gritando os descontos. Tudo meio virado, tudo muito centro ainda. Mesmo com a tal revitalização. Enfim.

Eu só quero pegar meu ônibus e me mandar dali. Pego um que vai pela Free way, bendito ônibus. 20min e tô em casa. Eu chego e o bus já tá quase saindo, logo, fico de pé. Muitas pessoas também querem essa barbada de fugir da tranqueira da zona norte.

Mas não é simplesmente voltar pra casa. Ligo o mp3 e escuto uma música. Mas tem que ser aquela música, se não não acontece a mesma coisa.

Eu realmente não me importo em voltar de pé, o que importa é ter um sol na minha cara ( já me disseram que eu adoro o sol, mas nunca concordei muito. É, eu gosto do sol. Mas desse sol, o entardecer com o sol. ), um vento forte e aquela música tocando.

Ela é a Transportar, da Picanha de Chernobill. Fecho os olhos, me seguro no ônibus, sinto o vento, a energia do sol e o desgaste do corpo e da mente larga correndo, num minuto. Dá tempo da música tocar umas três vezes. Sempre escuto essa. Em qualquer outra hora escuto outras músicas mais, mas nesse momento tem que ser a Transportar.

É maravilhoso. Passar pela ponte do Guaíba, vê-la de alguns ângulos, escutar a música. Dali à um tempo descansar mesmo que de pé, viajando... Só no "aah êeh aah êeh..." do Thomas (vocal da Picanha).

Dane-se o que houve no dia, dane-se o tempo em que me detive à um trabalho, tudo tem um preço. Se no final do dia houver esta cena recém descrita, me orgulharei em dizer 'Prazer, Nathi'. Pois é assim que encaro as coisas, e o resto é estória. É assim que amo me transportar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Da minha janela

Ás vezes chove e ninguém vê
Daqui de cima eu vejo os peixes e também a chuva
Também vejo pedaços do Guaíba
Mas meus peixes caminham pelo Centro
Nadando por algo, todas as pessoas se movem.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Zás!

"É claro que somos as mesmas pessoas
Mas pare e perceba como seu dia-a-dia mudou
Mudaram os horários, hábitos, lugares
Inclusive as pessoas ao redor

São outros rostos, outras vozes
Interagindo e modificando você..." ♪

Pitty - Anacrônico

Segunda-feira porto-alegrense. Carregando algumas caixas centro à cima, pega chave, senta na cadeira, devolve a chave.

Almoço. Sanduíche de salamito, rápido! Tem ato contra a corrupção na Esquina Democrática. Empunha-se uma bandeira, distribui-se folhetos, põe-se a conversa em dia.

O que é aquilo...? Mano Changes, Comunidade Nin-Jitsu acho que gravando um clipe, na Esquina. Depois do agito, um papo com Mano.

De volta pro trampo:

_ "Acho que vai rolar um cafezinho, Nathália..."

Feito! Isso, um café, era o que eu desejava. Bah, um café, cara! Pelo corredor pensei, onde tava esse café que me chamava?

Lá estava a cafeteira. Tão linda... E dentro da caixa de embalagem ainda, meio desmontada. Em casa eu passo direto. Meu problema era a cafeteira. Mas não iria fraquejar! Vamos lá, máquina! Vmoa nos unir!

Escritório sério, é o meu. Catei o pó, o filtro, o açúcar, os copinhos, achei uma mesa velha... Vambora, é só uma máquina.

Isso não engata! Vou quebrar! Quanta água ponho? - Pensei. Não li manuais. Era uma cafeteira! Singela cafeteira!

Acho que agora vai. Tudo aparentemente montado, vou ligar na tomada...

♪ Eu sei que vou!
Vou do jeito que sei
De gol em gol com direito a replay!
Eu sei que vou
Com o coração batendo à mil!
É taça na raça Brasiiil! ♪

Voltei à minha cadeira. Havia conseguido, o café estava sendo feito, a batalha é minha! O caminho até a cadeira rende um corredor. As pessoas sérias estão em suas salas. Não há ninguém por aqui. Olho pros lados e ZÁS!!! Pulinho à la Pelé.

Yes. Cafeteira, cara. Yes!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sem essa, baby

Eu gosto de fazer isso. Então, força de vontade e paciência pra me ler.

Fui batizada na igreja católica, e lá fiz a 1ª comunhão também. Não me bateu o coração fazer crisma, e não fiz. Há um tempo alguns amigos me convidam para ir até o grupo de jovens da igreja, mas eu também nunca me senti atraída. Porém sábado fui, no encontrão dos grupos. São quatro grupos, divididos mais ou menos por idade. "Meu grupo" usava preto, e eu uma blusa preta qualquer. É estranho, cara...

Porque detalhes são capazes de me repelir das coisas. Eu gostei das danças, das arriações. Mas nas pessoas dali (fora meus amigos), eu não vi um resquício de mim. Havia um cara que era tipo monitor de lá, que estudava pra ser padre... Esse cara foi um dos responsáveis por eu me sentir totalmente fora dali. As coisas ditas por ele e pelos outros organizadores, não eram coisas confortáveis. Me diziam o que fazer, impunham limites claros, queriam me fazer acreditar que só estarei a salvo se seguir essas regras subliminarmente impostas. Eu também percebia no ar e nas conversas, um tom extremamente inocente.E ele é realmente inocente, na maioria dos jovens de lá. Isso afeta consequentemente o humor das pessoas dali (fora os meus amigos), que com toda a certeza não tem nada a ver com o meu. Perdi aquele ar meses depois de minha comunhão, me vejo longe deles. Muito longe, meu lugar não é ali, gostando ou não das danças.

Em outrora o padre dali falava sobre as obrigações de um jovem, que tem que ver seus estudos e vida familiar como um trabalho, e tals. Ele citou a tarefa de arrumar a cama como algo que tem que ser feito, pois "é bonito ver as coisas arrumadas". Ora, pra ele e pra meio mundo pode ser bonito ter a cama e o quarto arrumados, mas por quê que pra mim e pra outra metade do mundo não pode ser normal, essa desordem? Não podemos nos sentir bem assim, na nossa bagunça em que sempre achamos o que procuramos? Minha organização me serve, corresponde A MIM. Só não quero que tentem enfiar na minha cabeça conceitos generalizados, fazer coisas porque é assim e assim tem de ser feito. Por ser assim, prefiro o assado.

Acredito no meu Deus e ele sabe. Nós nos entendemos, e pra mim o amor dele nunca foi cobrado.

Também no sábado, à noite, fui numa festa de 15 anos. Maravilhosa, a festa. No auge da festa - pra mim - , ouvi tocar uma das músicas que mais amo: Girls just wanna have fun, da Cindy Lauper. Foi a catarse. Mas, sendo Nathi até nesses momentos em que estou em êxtase, pensei...

A diversão, a satisfação, a alegria, - pelo menos pra mim - não pode vir de qualquer regra/costume/ordem imposta. Com pressão não se vem este tipo de sentimento. As coisas nascem naturalmente, portanto aqueles detalhes no discurso da igreja me repeliram.

♪ That's all they really want
Some fun
When the working day is done
Oh girls... They wanna have fun
Oh girls just wanna have fun ♪

Porque eu também, sou uma guria que só quer se divertir. Bóra escutar essa música?