domingo, 26 de outubro de 2008

Muros

Do que serão feitos os muros da indiferença? Acho que sei.

Jogar lixo no devido lugar, usufruir da água e eletricidade e preservar natureza é o mínimo que se pede, é o que muitos já fazem, mas está longe de ser uma unanimidade. Como irei eu convencer alguém a procurar fazer mais, a fazer sua parte? Como passo por estes muros?

Pular os muros seria como dizer "Tá, eu sei que tu não te interessa, mas recicla esse papel, vai". A mentalidade continua a mesma, e um tempo depois o próximo papel pego não será reciclado. Pular os muros os deixam temporariamente para trás; não destrói o que os colocou lá. Para destruir é necessário saber do que são feitos, e não é preciso acompanhar a questão de perto pra ver a indiferença estampada nas faces.

Quanto a água, já ouvi até quem quisesse que ela se tornasse rara, a fim de nosso país exportá-la e, enfim, transformar-se num país decente. A postura indiferente se baseia na crença soberba, de que nenhuma crise nos afetará e seus possíveis males, se realmente existentes, demorarão mais do que o previsto para nos atingir.

Minha geração é prejudicada e previlegiada. Nascemos já pagando pelos erros das gerações passadas, recebendo o acúmulo de problemas: falta de água, saída para o lixo eletrônico, desperdício de alimentos, DST's, conscientização elitizada são os primeiros que me vêm à mente.

Como disse, somos também previligiados. Que outra geração chegou ao mundo com acesso às informações tão fácil? É bem verdade que também falei da conscientização elitizada, que nos remete ao fato de que as informações são acessíveis, porém não estão ao alcance de todos. Quem dá - ou pelo menos deve - condição de igualdade para todos é o governo, mas quando isto não ocorre, nós também podemos espalhar nosso conhecimento.

Se o estado não está sendo eficaz na maneira como trata os problemas, automaticamente agimos individualmente. Por ironia, é por meios individuais que também podemos resolver problemas coletivos. A ineficácia na hora de conscientizar leva os jovens a acharem esta mobilização algo chato, sem sentido, ou até mesmo modismo.

Não sei o que me levou à me importar, mas seja qual for o motivo, não sirvo de parâmetro: minha visão não é igual à de ninguém, isto é, é preciso trazer as questões atuais de uma forma que desperte o interesse de todos, fazendo-nos entender que a hora de reverter o quadro é esta; nosso tempo é agora: começemos destruindo os muros da indiferença.

2 comentários:

Anônimo disse...

Só queria entender porque quando eh pra aula tu não faz um texto destes...

Eduardo Silva disse...

Pois bem, quero comentar uma frese tua neste post. Quando escreveste que as informações são acessíveis mas não estão ao alcance de todos, tenho que discordar. As informações estão aí, é só ligar uma tv, sintonizar um rádio, conectar uma internet, abrir um livro... mas acontece que mesmo no grupo que nos rodeia - teoricamente elitizado - encontramos aqueles que assistem novelas, escutam o créu, não saem do orkut e não sabem o que é um livro. as informações estão aí para todos. Mas deixo uma perguntinha pra ti: todos querem se informar? grande abraço. acompanho tuas crônicas com muito carinho. Edu Silva.