Do que serão feitos os muros da indiferença? Acho que sei.
Jogar lixo no devido lugar, usufruir da água e eletricidade e preservar natureza é o mínimo que se pede, é o que muitos já fazem, mas está longe de ser uma unanimidade. Como irei eu convencer alguém a procurar fazer mais, a fazer sua parte? Como passo por estes muros?
Pular os muros seria como dizer "Tá, eu sei que tu não te interessa, mas recicla esse papel, vai". A mentalidade continua a mesma, e um tempo depois o próximo papel pego não será reciclado. Pular os muros os deixam temporariamente para trás; não destrói o que os colocou lá. Para destruir é necessário saber do que são feitos, e não é preciso acompanhar a questão de perto pra ver a indiferença estampada nas faces.
Quanto a água, já ouvi até quem quisesse que ela se tornasse rara, a fim de nosso país exportá-la e, enfim, transformar-se num país decente. A postura indiferente se baseia na crença soberba, de que nenhuma crise nos afetará e seus possíveis males, se realmente existentes, demorarão mais do que o previsto para nos atingir.
Minha geração é prejudicada e previlegiada. Nascemos já pagando pelos erros das gerações passadas, recebendo o acúmulo de problemas: falta de água, saída para o lixo eletrônico, desperdício de alimentos, DST's, conscientização elitizada são os primeiros que me vêm à mente.
Como disse, somos também previligiados. Que outra geração chegou ao mundo com acesso às informações tão fácil? É bem verdade que também falei da conscientização elitizada, que nos remete ao fato de que as informações são acessíveis, porém não estão ao alcance de todos. Quem dá - ou pelo menos deve - condição de igualdade para todos é o governo, mas quando isto não ocorre, nós também podemos espalhar nosso conhecimento.
Se o estado não está sendo eficaz na maneira como trata os problemas, automaticamente agimos individualmente. Por ironia, é por meios individuais que também podemos resolver problemas coletivos. A ineficácia na hora de conscientizar leva os jovens a acharem esta mobilização algo chato, sem sentido, ou até mesmo modismo.
Não sei o que me levou à me importar, mas seja qual for o motivo, não sirvo de parâmetro: minha visão não é igual à de ninguém, isto é, é preciso trazer as questões atuais de uma forma que desperte o interesse de todos, fazendo-nos entender que a hora de reverter o quadro é esta; nosso tempo é agora: começemos destruindo os muros da indiferença.