quinta-feira, 19 de novembro de 2009

De saco cheio

Baixo novas músicas que me destraiam melhor no caminho igual de todo dia.

Reparo na disposição das ruas, talvez alguma tenha mudado, em meio à este centro movimentado.

Deslizo a bolinha do mouse pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo, como se fosse encontrar algo novo que me tirasse do tédio.

Pego linhas diferentes de ônibus que levam até meu destino, ás vezes conto o tempo pra ver a mais rápida, ás vezes troco de avenida pra variar o caminho.

Óh não, nem tudo são espinhos. Pra dar um gás está nascendo um novo ciso.

Nunca fui dotada de paciência. Percebo que a pouca existente se vai neste momento... Não vejo mais o que fazer pra fugir do estresse que minhas próprias escolhas - conscientes - me trouxeram.

Por isso muitas vezes pareço dormir de olhos abertos. Pra fingir que nem me importo de ter dias iguais, aborrecimentos iguais, sonolências iguais.

Independente de onde tudo me levar, torço pelo fim desse ciclo. Apesar de ser fascinada por fazer várias coisas ao mesmo tempo, hoje sinto na pele a consciência de que não se pode abraçar o mundo.

sábado, 7 de novembro de 2009

O poder nas palavras

Acredito que palavras ditas ou escritas são como armas. Usamos quando necessário ou quando não pensamos antes de dispara-las; também podemos prepara-las com afinco e até planejar a hora de seu encontro com o ar.

O prazer de receber cartas de quem se gosta é algo imensurável, traz o afeto guardado no coração para as linhas do sorriso, aproxima almas e lembranças num triz.

A dor de ouvir ou ler a raiva em forma de palavras de alguém que se gosta é imensurável, traz a decepção recém nascida para a beira dos olhos, expõe as lágrimas e a tristeza se instala num triz.

Acho que, por todas as transformações e mudanças que podemos causar com palavras, é de extrema importancia dar valor e cultivar o ato de pensar antes de falar e escrever. Falo porque acho o correto, visto que me encontro na linha tênue entre saber o certo e mesmo assim fazer o errado.

Respeitar a imagem de alguém parece ser fácil, mas definitivamente não é. Em qualquer espaço é possível arruinar sentimentos, vide Orkut. Qualquer palavra seja no perfil, seja nas perguntas do perfil, seja num depoimento, podem atingir profundamente as pessoas. Por essas e outras muitas vezes acho que o silêncio (a abstenção, no caso do Orkut) é uma boa opção.

Escrevo sobre isso porque me peguei pensando hoje de manhã sobre todas as coisas ruins que já li e escrevi de pessoas. Coisas ruins se referem a palavras que possam me incomodar, ou palavras que saíram de mim em direção ao teclado num jato sem nenhum tipo de reflexão, por meus olhos justamente estarem fechados para o respeito.

De tantos tombos por falar atravessadamente no passado hoje eu percebo como melhorei, como tomo cuidado com cada letra - ainda longe da perfeição que se entende por não agir por impulsos, mas estou no caminho certo. Não esqueci minhas cordas vocais nem desaprendi a escrever, só quero aprender a usa-los da melhor maneira possível, sem tocar a imagem de ninguém. Grito um monte, mas sei o que estou gritando.